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Movimentos que transformam

Todo o movimento hip-hop sempre esteve diretamente ligado a um pensamento de papel social. Usar a arte para fazer críticas e expor situações, pensamentos e realidades, esteve presente desde o início dessa cultura, fazendo com que muitas pessoas se interessassem por esse universo e mergulhassem nele. As pessoas que vivem essa cultura, chamados de Bboys e Bgirls, têm essa consciência e sabem a importância do movimento.

O breaking, um estilo da dança de rua e um dos elementos do movimento, também cumpre esse papel, assim como: a batalha de rima, o grafite, a poesia e o rap. A dançarina e arte educadora Francine Ishibashy, de Sumaré - SP, é Bgirl e diz que esse foi um dos motivos que a fizeram migrar para o breaking. Francine dança breaking há cinco anos, mas desde pequena teve contato com esse e com muitos outros estilos de dança. Por influência da mãe, desde os três anos de idade ela praticou diversos estilos, como ballet, jazz e sapateado, mas foi no breaking onde ela se encontrou. Sua irmã, Fabíola Bueno, praticava breaking e foi através dela que Francine teve seu primeiro contato com esse mundo. 

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Arquivo pessoal

Legenda: Francine Ishibashy: “A dança não me transformou, ela me transforma constantemente.”

Ishibashy comenta que entrar no universo da cultura Hip-Hop foi algo muito marcante para ela, tendo em vista a grande diferença entre ele e o da dança clássica, onde Francine esteve envolvida por muito tempo. Segundo ela, foi através da dança, em especial do breaking, que ela conseguiu superar dificuldades como o medo de se expressar em público e de expor suas opiniões. Foi nesse cenário também que ela conheceu seu atual marido, Everson Ishibashy, como Bboy conhecido por Shibata, que a levou ainda mais para dentro desse mundo do hip-hop.

 

Um outro motivo que, segundo Francine, fez com que ela fosse para esse meio, foram os projetos sociais realizados pelos grupos de hip-hop, que despertaram ainda mais seu interesse. Hoje, Francine ministra oficinas de breaking e de grafite para crianças e adolescentes no Seta, em Campinas, e no Centro Educacional Rebouças (CER), em Sumaré, e diz que, a cada dia, o breaking continua transformando a sua vida:

Clóvis Moreira, professor de dança em Piracicaba - SP, conhecido no mundo da dança como Kabal, também ministra aulas de breaking em sua cidade. Ele pratica a dança há 13 anos e teve seu primeiro contato com ela através de um videoclipe transmitido na televisão, em 1998. Kabal conta que em sua cidade não havia nenhuma iniciativa para promover essa cultura e que foi através desse vídeo que ele conheceu esse estilo de dança, que imediatamente despertou o seu interesse. O primeiro contato concreto dele com o breaking se deu em um evento da cidade, em que um dançarino deu uma aula para jovens interessados no movimento.

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Arquivo Pessoal

Legenda: Clóvis Moreira tem a dança como profissão e como trabalho voluntário.

Atualmente Kabal dá aulas no Centro de Atendimento Socioeducativo de Piracicaba (CASE) e no Espaço Arte Expressão, além de atuar como voluntário no projeto Casa do Hip-Hop de Piracicaba. Esse projeto surgiu há 18 anos e, desde então, vem levando a cultura hip-hop para jovens que não possuem outras formas de contato com ela, assim como Kabal não tinha quando conheceu o breaking. Clóvis conta que, no projeto, começou ministrando aulas de breaking para os jovens, mas que, com o passar do tempo, as mães desses alunos se interessaram pela dança e também começaram a participar, e hoje ele dá aula para cerca de 15 mães e filhos. Ele conta como se tornou um Bboy:

Assim como Kabal, o sushiman e dançarino Jeferson Santos teve seu primeiro contato com o Breaking através da TV. Ele nasceu em Salvador, na Bahia, e com 12 anos o pai dele o deu um DVD em que havia apresentações de breaking. Jeferson, que leva o nome de Manga como Bboy, já praticava capoeira na época e logo se interessou pelos movimentos da dança. Depois de ganhar o DVD, começou a tentar os movimentos em casa, até que descobriu uma escola em sua cidade que dava aulas de breaking e foi lá onde ele teve o seu primeiro contato concreto com ele. 

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Arquivo Pessoal

Legenda: Jeferson Santos viajou para diversos lugares para participar de campeonatos.

Logo quando entrou no mundo da dança, Manga ajudou na criação de um grupo, o Breakzas, e começou a participar de campeonatos em diversos lugares: em Salvador, Brasília, São Paulo, Uberlândia, Manaus e até na Bolívia. Hoje, Jeferson tem um restaurante com seu pai e trabalha lá a fim de conseguir dinheiro para continuar dançando. Segundo ele, o breaking nunca foi valorizado pela sociedade e só agora tem recebido atenção das empresas, devido a oficialização dele como uma das modalidades dos Jogos Olímpicos. Jeferson comenta sobre essa realidade:

Com a inclusão do breaking nas Olimpíadas, muitas marcas têm dado mais apoio a esse estilo de dança e muitos dançarinos são, agora, mais valorizados por seus trabalhos. A dançarina e professora de dança, Marina Amadeu, está no mundo do hip-hop desde os 15 anos e já participou de várias apresentações e campeonatos. Ela se formou em Dança pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e desde então atua como professora em diversas escolas da cidade. Marina conta que há três anos ela tem se dedicado mais ao breaking e com a inclusão dele nas Olimpíadas, está treinando ainda mais para tentar conseguir uma vaga.

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Arquivo Pessoal

Legenda: Marina Amadeu: "Eu comecei a me afundar mais no mundo do breaking e eu estou apaixonada, eu amo isso."

Ela praticou ginástica rítmica desde os seis anos e, com o passar do tempo, foi migrando do mundo da ginástica para o da dança. Atualmente ela dá aulas de dança na Yo! Centro Artístico e na Escola Americana de Campinas (EAC), mas não abandonou completamente a ginástica e ministra aulas na escola Jaime Kratz. Além de atuar como professora, Marina também faz parte da Cia Eclipse Cultura e Arte, onde desenvolve espetáculos de dança e treina o breaking. Ela comenta que esse espaço no breaking a permite usar os movimentos de outros estilos de dança para criações artísticas em apresentações. Ouça a história dela como dançarina na Cia Eclipse:

Wagner da Silva, dançarino e professor de dança, também faz parte da Cia Eclipse Cultura e Arte há 12 anos. Além de participar da Cia, ele ministra aulas de hip-hop no Colégio Notre Dame Campinas e na Estação Cultura de Campinas, além de aulas de ritmos no Condomínio D. Pedro II - Alphaville.

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Arquivo Pessoal

Legenda: Wagner da Silva, além de dar aula de hip-hop e ritmos, ministra aulas de danças africanas (Kuduro)

O primeiro contato de Wagner com a dança se deu em uma apresentação na escola, feita pelo seu atual colega de trabalho William, conhecido como Negresco. Segundo ele, depois dessa apresentação, ele começou a se interessar pela dança e a unir os movimentos dela com o esporte que praticava: o basquete. Com o passar do tempo, a dança se sobressaiu e ele passou a se dedicar mais a ela do que ao basquete. Ele também conta sobre a sua história com a dança:

A terapeuta ocupacional, Juliana Aleixo, utiliza a dança como um recurso em seu trabalho e reconhece os diversos benefícios que a dança - seja qual for o estilo - pode trazer para quem a pratica. Juliana é doutora em psicologia e sociedade e realiza, desde 2009, um trabalho no Centro de Convivência de Campinas, ministrando aulas de dança do ventre para mulheres.

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Arquivo Pessoal

Legenda: Juliana Aleixo utiliza a dança como instrumento de trabalho há 12 anos. 

Durante todo esse tempo, Juliana pôde perceber bem como a dança ajuda em diversos aspectos da vida das pessoas, seja física ou emocionalmente. Veja os principais pontos destacados por ela:

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Infográfico: Gustavo Costa

Cada pessoa teve uma experiência diferente com o mundo da dança, mas todas reconhecem os benefícios que ela traz. Seja por profissão, por voluntariado ou por paixão, aqueles que praticam a dança conhecem a importância dela para si próprios e para os outros, e assim seguem nesse universo, cada um com suas individualidades, mas todos unidos em um mesmo movimento, para formar a si mesmos e transformar a sociedade.

Veja alguns vídeos dos dançarinos praticando a sua dança:

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